Se todos conhecemos casos de amizade verdadeira entre homens e mulheres, porque é que continuamos a duvidar que seja possível?
Há quem fale de razões socioculturais.
Ainda hoje se fomenta nos rapazes a ideia de que os meninos são os amigos e as meninas as namoradas, e vice-versa, não ajudando a entendermo-nos mais tarde.
Parece que as velhas regras das relações românticas (flirt, namoro, casamento, filhos) e das relações de amizade (rapazes relacionam-se com rapazes através de actividades e raparigas com raparigas através de conversas) ainda não terminaram completamente o seu reinado.
É certo que a sociedade mudou e, registou-se uma aproximação em termos de género.
As mulheres assumiram protagonismo no universo laboral, abriram a discussão no campo familiar e reivindicam um tratamento igualitário a nível social, enquanto os homens se começam a auto-analisar, descobrindo aspectos mais sensíveis e femininos da sua personalidade.
"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
Fernando Pessoa
Cada vez mais mulheres investem numa vida a solo. Movidas pelo fim de uma relação ou por convicções, aprendem a gerir incertezas em troca da descoberta interior. Um passaporte para a felicidade.
Mais vale só...
Sentada no paredão da praia, numa tarde de domingo, X concentrava o olhar no corrupio de gente que aproveitava o sol para andar a pé, com ou sem animais de estimação. Mas o que a perturbava eram os casais, os pares de namorados, uns com expressões mais felizes que outros, mas ainda assim acompanhados.
Não é o caso dela.
Há alguns anos isso não a afectava, mas desde o seu mais recente "affair" com um homem que sempre foi complicado e indeciso. Começou a questionar-se sobre o facto de continuar sozinha.
Aos X anos, vive num apartamento nos arredores de uma capital dum distrito muito afamado e tem um emprego estável e bem remunerado.
Mas os sentimentos de desconforto e solidão tornaram-se insuportáveis, sobretudo aos fins-de-semana. "Sempre me considerei independente, mas quando fiquei sem companheiro, dei comigo a sentir pena de mim e a perguntar o que há de errado comigo."
Não fosse ele tê-la deixado por uma mulher que conheceu, e talvez não se sentisse tão rejeitada.
Determinada a seguir em frente, continua a frequentar os mesmos lugares com os mesmos amigos e colegas de profissão, mas o vazio que sente na manhã seguinte incomoda-a. E não sabe como sair da sensação de isolamento que a invade.
X vive uma crise que é comum a muitas mulheres da sua faixa etária e que os psicólogos designam de solidão emocional.
Este sentimento negativo, muito frequente nos meios urbanos, surge associado à incapacidade de estabelecer relacionamentos íntimos sólidos. A impotência e um certo desespero tomam conta do ser e, a partir daí, o caminho é sempre a descer.
Viver consigo própria entre quatro paredes afigura-se uma missão impossível, apesar de ser um fenómeno cada vez mais frequente nos dias que correm.
Por que é tão difícil viver só?
Aquilo que há largas décadas não passava de um sonho - ou uma realidade possível para alguns aventureiros de elite - é hoje uma evidência.
A geração dos "baby boomers", que entraram (ou estão em vias de entrar) na meia-idade, casa menos e mais tarde, e divorciam-se mais do que os seus pais, o que favorece esta tendência. Não raros são os que, após um divórcio ou separação, se sentem vulneráveis e abalados na sua auto-confiança.
Na tentativa de provarem a si mesmos que são capazes de conquistar novamente outras pessoas, envolvem-se em relacionamentos de natureza mais física, sem exporem as suas verdadeiras emoções, pelo receio de sofrer nova rejeição.
No meio de encontros e desencontros, há quem tenha descoberto outras formas de estar na vida, mais adequadas aos sinais dos tempos. É o caso de algumas mulheres, sem filhos, que deixaram para trás um casamento por se ter cansado de partilhar espaço e tempo. "Sempre tive muito clara a ideia de autonomia, até pela educação que recebi", afirmam. Hoje ocupam cargos e consegue gerir o seu tempo de forma a ter uma vida social que lhe agrada, mas de forma selectiva.
Garantem que têm sempre companhia para fins-de-semana, férias ou para uma simples ida ao cinema.
Solidão é um termo que não conhece no seu quotidiano. As expectativas face ao sexo oposto, que vigoravam noutros tempos, alteraram-se radicalmente, sobretudo quando ambos têm em comum um estatuto socioeconómico acima da média.
Se esta realidade é visível no mundo ocidental, ainda é encarada com alguma resistência na cultura portuguesa. Que o diga, quem vive sozinha por opção.
"O preconceito sente-se quando nos vêem como 'encalhadas', quando sabemos por terceiros que A ou B acha que devemos ter algum problema porque ainda estamos solteiras, apesar de bonitas, inteligentes e com sucesso na vida."
O reverso da medalha é também visível no rol de pretendentes que assumem que uma mulher autónoma tem uma cotação de "disponível para relações sem compromisso".
Aprender a viver sem o apoio da família.
Os tempos que não são fáceis, mas que dão a bagagem necessária para viver só, sem dramas.
Há alturas em que isso pesa e se vive intensamente na vida social.
As experiências têm os seus frutos.
"No começo, achasse fantástico. Mas a certa altura, quando a saídas que não conduzem a nada e em que as conversas são sempre à volta do status, dos sítios das férias e das roupas da moda, sem sumo nenhum."
A liberdade e a independência não têm preço.
"A solidão é o preço que temos de pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência e do nosso próprio egoísmo."
Quantas escolhas temos que fazer ao longo da vida?
Como seria se não tivessemos a autonomia de coordená-las?
De poder discernir sobre o que é melhor para nós?
Que bom é saber que podemos escolher que caminho trilhar.
Mas ao mesmo tempo é preciso ter responsabilidade sobre a vida que se tem nas mãos.
Saber também que muitas vezes as decisões que tomamos afectam os outros, principalmente as pessoas que mais amamos.
Infelizmente a maioria das pessoas acham que ter liberdade é fazer o que dá na cabeça, ser inconsequente e superficial, confundem liberdade com libertinagem.
É preciso entender que pagamos sobre tudo aquilo que fazemos. As nossas decisões constrõem o nosso futuro, são capazes de nos edificar ou de nos destruir, basta que decidamos sobre o que queremos da vida.
Saber escolher é ponderar os prós e os contras, não se deixar levar pelas opiniões do mundo e das pessoas sem antes uma análise crítica e séria a respeito do assunto.
Saber dizer não também é muito importante.
É sinal que compreendemos os nossos limites, que sabemos o que queremos e somos focados o suficiente para poder renunciar aquilo que não nos convém.
Quando determinamos algo para nossa vida devemos ver se ela realmente nos é benéfica ou construtiva.
Também não podemos viver à sombra das escolhas dos outros para não nos privarmos da luz da sabedoria que muitas vezes nos desilude, mas que também nos ilumina o suficiente para enchergarmos a possibilidade de novos caminhos ou de simplismente vivermos nossas próprias vidas.
Liberdade é ter coragem de mudar, de não querer estar preso a coisas velhas que empoeiram nossa alma, que é viva e precisa ser atuante, reluzente.
Liberdade é ter consciência que eu posso ser melhor a cada dia, e que, para isso, preciso tomar a iniciativa de querer aprender, de fazer escolhas diante as minhas vivências e possibilidades.
Não sejamos escravos de nossas próprias vontades.
É preciso entender que somos maiores e mais valiosos que um poço de desejos que se valem apenas de momentos, de impulsividades que não nos acrescentam em nada na vida.
"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."
Nada e ninguém é perfeito, se tudo fosse perfeito, se as coisas fossem perfeitas, não haveria arrependimentos e nem descobertas.
Se tudo fosse perfeito, mãos não se uniriam e sonhos não seriam valorizados.
Se tudo fosse perfeito, olhares não se completariam e gestos passariam despercebidos.
Se tudo fosse perfeito, as lágrimas não existiriam, as palavras seriam perfeitas.
Se tudo fosse perfeito, eu atravessaria o oceano sem medo de ser levada pelas ondas, sem receios de me perder em suas profundezas.
Se tudo fosse perfeito, dores não existiriam e a cura não seria procurada. Nada é por acaso, pois nem o destino nem ninguém é perfeito!
Se todos fossem perfeitos, não existiria a diferença, e seriamos um bando de pessoas ignorantes, idiotas e deslumbradas com sua tal perfeição assim algumas pessoas se acham perfeitas mas se são perfeitas por fora são podres e burras por dentro, não deixe, não seja ignorante em deixar de ser você, para ser alguém que querem que seja, quem muda o mundo não são os poderosos, e sim os diferentes, aqueles que revolucionam ideias, aqueles que não se contentam com o que está feito, pois querem Mudar.
(William Shakespeare).
Um sentimento de frustração assombra a minha alma, o que é que eu faço? Não paro de repetir, o que é que eu faço?
Desisto de tudo?
Tento arranjar forças para continuar.
Eu vivo para ser feliz e não para ser normal.
É tão difícil assim de entender Isso “
“O que importa, não é o que os outros pensam de mim, mas é o que eu sei a meu respeito”