Esqueço do Quanto me Ensinaram
Deito-me ao comprido na erva.
E esqueço do quanto me ensinaram.
O que me ensinaram nunca me deu mais calor nem mais frio,
O que me disseram que havia nunca me alterou a forma de uma coisa.
O que me aprenderam a ver nunca tocou nos meus olhos.
O que me apontaram nunca estava ali: estava ali só o que ali estava.
Alberto Caeiro
As minhas flores... Foto minha ...
Nem sempre somos bem-sucedidos na vida.
Amamos, acariciamos, ajudamos, ensinamos e tudo isto não chega.
Somos incompreendidos e por vezes mal tratados por aqueles que mais amamos.
Nem sempre a vida me tem sido fácil.
Sempre eduquei pensando que num futuro a vida tanto para mim como para aqueles que me rodeiam fosse um pouco mais alegre a fácil de viver.
Não, não é assim.
Tudo à minha volta é triste, vazio e tantas vezes me sinto só no mundo.
Não foi isto que eu construí, mas sim isto que hoje paira sobre mim.
Fiz tanto por todos, mas sinto que ninguém fez nada por mim.
Fui crucificada quando ajudei de coração aberto aqueles que mais precisavam e não tinham ninguém, não me sinto arrependida daquilo que fiz e hoje voltaria a fazer o mesmo com o coração doce que tenho, não gosto de ver os outros sofrer, mas esses bem me têm feito sofrer, julgado e crucificado.
Só espero que alguém lá bem ALTO me esteja a ver e proteger, pois bem preciso da vossa ajuda e proteção.
Acho que semeei bons frutos, mas parece que a colheita irá ser muito catastrófica.
Lembro-me tanto das tuas palavras e tenho tantas saudades dos teus olhos.
Gostava de puder falar contigo e ouvir os teus conselhos, as tuas opiniões, tudo isso certamente me faria sentir melhor.
O meu passarinho está sempre cantado, mesmo que por vezes muito desafinado, não tive aulas de canto, canto como a vida me ensinou ...
O meu girassol é lindo ...
O meu girassol cada dia que passa está mais lindo ...
Aplicar o adjetivo lindo temos que tratar aquilo que gostamos como muito amor e carinho ...
Todos sabemos que o modo como as relações afetivas se desenvolvem, mudou muito nas últimas décadas. Noutros tempos, um envolvimento sexual era o culminar de todo um percurso, muitas vezes longo, de conversas, jantares e troca de promessas.
Hoje, algumas pessoas consideram que as relações entre um casal mudaram de perspetiva, ou seja, começam pela relação sexual e, depois disso é que pode haver, ou não, um estreitamento de laços. Certo é que muitos encontros não passam da primeira noite. Outras duram um pouco mais até que, subitamente, tudo acaba. Depois é sempre difícil de aceitar e, sobretudo, compreender o que se passou, o que correu mal?
Afinal, se não houvesse interesse, porque é que ele teria falado da sua infância, dos seus traumas da adolescência, na ex-namorada ...as dúvidas amontoam-se e as respostas não chegam para tapar o buraco que se vai abrindo no peito.
A rejeição dói, danifica a auto-estima e condiciona o futuro, em termos afetivos. Num primeiro momento, passada a fase da perplexidade, surge a raiva. Raiva contra o outro, aquele que nos enganou, que nos fez ver coisas que não existiam, que permitiu que erguêssemos castelos no ar que se estatelaram no chão.
A raiva leva-nos a colocar para fora a dor em forma de desabafo, muitas vezes agressivo e deslocado do real, mas que encontra sempre interlocutores decididos a deitar mais «achas para a fogueira». As amigas juntam-se em torno de um tema comum e todas têm uma história para contar, o quanto mais terrível melhor.
Chamar-lhe nomes, inventar amantes, tudo vale desde que permita denegrir a imagem do visado. Mas esta fase não dura muito, e nunca é eficaz para evitar a seguinte – a culpa. Onde falhámos? Ninguém aceita de uma forma natural, que subitamente aquela pessoa que nos achava o máximo, não nos deseje mais, ou pior ainda, nos considere desinteressantes.
É preciso compreender o incompreensível, encontrar algo palpável onde nos possamos agarrar e chorar a nossa perda. Faz parte de todo o processo de luto e o desgosto amoroso é uma perda semelhante a outra qualquer, pelo que surge a necessidade de encontrar um culpado, nós ou ele, que possamos acusar.
Depois de o crucificarmos na praça pública, resta-nos voltarmo-nos para nós próprias e ampliarmos os nossos defeitos, até que fiquem incomportáveis. Achamo-nos gordas, feias, velhas, desinteressantes ao máximo, de certo modo procuramos dar-lhe razão.
O isolamento para algumas, a impulsividade das compras para outras, serão os passos seguintes. Após esta autêntica travessia no deserto, um dia acordamos e vemos que tudo passou. Erguemo-nos de novo e constatamos que afinal até sobrevivemos.
Nessa altura dois caminhos se avizinham: aprender com a experiência ou transformá-la num padrão. Existem pessoas para as quais tudo isto se repete, vezes sem conta. Negligenciam os sinais, não ligam aos avisos dos amigos e conhecidos e vão em frente.
O objetivo, ainda que seja difícil de perceber, é o de reparar a ferida narcísica, fruto de desamores do passado. Insistem em manterem-se por perto de pessoas que lhes fazem mal, que as desvalorizam, que perante o primeiro problema se colocam a milhas. Assim, vão destruindo cada vez mais a auto-estima, a ponto de dificilmente ter conserto.
Além da procura inconsciente de reparação narcísica, por detrás destas atrações fatais pode estar também o medo do compromisso. É que apaixonarmo-nos pelo impossível, pode causar sofrimento mas mantém-nos seguros quanto a esse aspecto.
A psicóloga Teresa